adiado...
adiado...
adiado...
o filme de hoje
"as pontes de madison county"
quarta-feira, 18 de maio de 2011
quinta-feira, 28 de abril de 2011
não gostamos de dar notícias destas, mas...
Amanhã, dia 29 de abril, estava prevista a presença de um escritor acompanhado por um dos seus livros.
Pois bem, tal não irá acontecer dado que o José Jorge Letria não se encontra nas melhores condições (pequenos problemas de saúde).
Nós, por cá, desejamos que rapidamente se restabeleça e nos continue a fascinar com a (sua) escrita.
Desculpem (mais esta alteração à programação)!!!!
9 semanas & meia
Pois bem, tal não irá acontecer dado que o José Jorge Letria não se encontra nas melhores condições (pequenos problemas de saúde).
Nós, por cá, desejamos que rapidamente se restabeleça e nos continue a fascinar com a (sua) escrita.
Desculpem (mais esta alteração à programação)!!!!
9 semanas & meia
quarta-feira, 27 de abril de 2011
atenção seguidores fieis do programa "9 semanas & meia" - informo importante alteração...
Atenção…!
Alteração de última hora.
O concerto do Coro Anima Mea (aquela cativa que me tem cativo), agendado para o dia 30 de Abril, foi adiado para o dia 22 de Maio (local: átrio do paços do concelho _ horário: 18:00h)
muito obrigada e desculpem (principalmente os que já tinham em agenda a presença).
contamos com a presença de todos no dia 22 de maio (domingo)
Alteração de última hora.
O concerto do Coro Anima Mea (aquela cativa que me tem cativo), agendado para o dia 30 de Abril, foi adiado para o dia 22 de Maio (local: átrio do paços do concelho _ horário: 18:00h)
muito obrigada e desculpem (principalmente os que já tinham em agenda a presença).
contamos com a presença de todos no dia 22 de maio (domingo)
quinta-feira, 14 de abril de 2011
o "tempo" nem sempre está do nosso lado. daí, nem sempre se cumpre o rigor da actualização a "tempo e horas" - aqui fica o pedido de perdão
Chocolate
É uma das poucas adaptações de obras literárias para cinema que não me desiludiu. Para quem - como eu - aprecia a escrita de Joanne Harris, que nos transporta sempre para cenários ricos em sabores e aromas intensos, habitados por personagens e histórias cativantes, o filme “Chocolate” consegue criar uma atmosfera mágica que se assemelha ao imaginário das páginas lidas (devoradas).
R.R.
É uma das poucas adaptações de obras literárias para cinema que não me desiludiu. Para quem - como eu - aprecia a escrita de Joanne Harris, que nos transporta sempre para cenários ricos em sabores e aromas intensos, habitados por personagens e histórias cativantes, o filme “Chocolate” consegue criar uma atmosfera mágica que se assemelha ao imaginário das páginas lidas (devoradas).
R.R.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
a crónica de RR sobre "Emmanuelle"...
“Emmanuelle” um filme de “rodinha vermelha”… em 1974.
O erotismo das cenas não possui o extraordinário efeito que obteve aquando da sua estreia por estas terras lusitanas (na altura um ícone dos filmes eróticos).
A história (não é uma boa história)… que me desculpem os que pensam de forma diferente!
RR
O erotismo das cenas não possui o extraordinário efeito que obteve aquando da sua estreia por estas terras lusitanas (na altura um ícone dos filmes eróticos).
A história (não é uma boa história)… que me desculpem os que pensam de forma diferente!
RR
obrigada pelo envio e pela generosidade A.
Na onda do erotismo
Esse corpo monumento
Nem todo deves mostrar
Deixa o desejo de explorar
Mostrar tudo, não é certo
Podes mesmo acreditar
Há vontade escondida
No que ficou por mostrar
Com mais simples engenho
Na arte de bem teatrar
Por certo não te arrependes
Do melhor saber guardar
Chegou a vez, cai o pano
Fim da cena que criaste
Nesse dia que se impõe
A mostrar como nasceste
Explodem os sentidos
Numa onda de calor
Assim tudo é "tua praia"
Nem te lembras do pudor
Anyta
22MAR2011
Esse corpo monumento
Nem todo deves mostrar
Deixa o desejo de explorar
Mostrar tudo, não é certo
Podes mesmo acreditar
Há vontade escondida
No que ficou por mostrar
Com mais simples engenho
Na arte de bem teatrar
Por certo não te arrependes
Do melhor saber guardar
Chegou a vez, cai o pano
Fim da cena que criaste
Nesse dia que se impõe
A mostrar como nasceste
Explodem os sentidos
Numa onda de calor
Assim tudo é "tua praia"
Nem te lembras do pudor
Anyta
22MAR2011
assino por baixo... o que dirá Marta Crawfort!!!! Fica em suspenso até à sua vinda (a Marta...)
Dr. Ruth, a mulher que durante décadas ensinou sexualidade na TV norte-americana, do alto dos seus animados oitenta e muitos anos:
«Gosto destas roupas porque são FUN e as pessoas sentem-se bem dentro delas. E quando as pessoas se sentem bem fazem bom sexo».
Está dito...
«Gosto destas roupas porque são FUN e as pessoas sentem-se bem dentro delas. E quando as pessoas se sentem bem fazem bom sexo».
Está dito...
apetece concordar sem mais...
«Uma mulher bonita não é aquela de quem se elogiam as pernas ou os braços, mas aquela cuja inteira aparência é de tal beleza que não deixa possibilidades para admirar as partes isoladas.»
Séneca, escritor e intelectual do império romano
quarta-feira, 30 de março de 2011
sobre "Africa Minha" Mário Augusto disse...
África Minha
É uma grande história de amor que usa com um encanto surpreendente as paisagens do Quénia que alinham na perfeição com a Música de John Williams. Um drama biográfico, produzido e dirigido por Sydney Pollack, que Meryl Streep e Robert Redford desempenham numa química perfeita.
O argumento é baseado no livro autobiográfico de Isak Dinesen (pseudônimo de Karen Blixen) publicado em Londres em 1937.
A história real da baronesa dinamarquesa Karen von Blixen-Finecke, uma mulher apaixonada por África e pelas suas gentes. Independente e forte, ela chega a África no inicio do século XX para gerir e controlar os investimentos ruinosos do marido numa plantação de café. Só e a viver um casamento de conveniência, Karen Blixen apaixona-se pelo misterioso caçador Denys Finch Hatton, vivendo uma paixão que em cinema tem momentos únicos e eternos, como a famosa cena do passeio de avião ou o acampamento onde no meio da natureza selvagem se ouve uma grafonola a tocar Beethoven.
O filme ganhou 7 óscares da academia entre eles melhor filme e melhor realizador. É um daqueles casos que ao ouvir os primeiros acordes da banda sonora, todos associam às imagens de África Minha.
É uma grande história de amor que usa com um encanto surpreendente as paisagens do Quénia que alinham na perfeição com a Música de John Williams. Um drama biográfico, produzido e dirigido por Sydney Pollack, que Meryl Streep e Robert Redford desempenham numa química perfeita.
O argumento é baseado no livro autobiográfico de Isak Dinesen (pseudônimo de Karen Blixen) publicado em Londres em 1937.
A história real da baronesa dinamarquesa Karen von Blixen-Finecke, uma mulher apaixonada por África e pelas suas gentes. Independente e forte, ela chega a África no inicio do século XX para gerir e controlar os investimentos ruinosos do marido numa plantação de café. Só e a viver um casamento de conveniência, Karen Blixen apaixona-se pelo misterioso caçador Denys Finch Hatton, vivendo uma paixão que em cinema tem momentos únicos e eternos, como a famosa cena do passeio de avião ou o acampamento onde no meio da natureza selvagem se ouve uma grafonola a tocar Beethoven.
O filme ganhou 7 óscares da academia entre eles melhor filme e melhor realizador. É um daqueles casos que ao ouvir os primeiros acordes da banda sonora, todos associam às imagens de África Minha.
já é oficial... temos a crónica de cinema pela mão da RR
A primeira vez que vi “África Minha” não terá sido em 1985, mas seguramente foi à mais de dez anos… permanece em mim a certeza (apesar do tempo passar e outros preencherem o imaginário) de ser um dos mais belos filmes. Revi, revivi, reencontrei… permanece a certeza… confirma a impressão… é um filme intemporal.
… simplesmente maravilhoso!
RR
… simplesmente maravilhoso!
RR
terça-feira, 29 de março de 2011
Mário Augusto escreveu (e está no programa geral das iniciativas) sobre Orquídea Selvagem...
Orquídea Selvagem
No género do cinema erótico incluem-se produções de grande impacto, cujos méritos principais estão na abordagem do tema mas acima de tudo na envolvência, na imagem e no encanto e capacidade de fazer sonhar das actrizes que se entregam à personagem intensamente. Terá sido o que aconteceu com este filme. Carré Otis depois da rodagem acabaria casada com o protagonista Mickey Rourke. O casamento não durou mais do que cinco anos, a carreira dela durou apenas 3 filmes, mesmo assim ela transpira erotismo neste filme qu tenta tirar promoção do actor que marcou 9 semanas e meia.
É a história de uma bela jovem que numa viagem de negócios, conhece o charmoso Weeler, um homem enigmático, que a envolve num estranho jogo de sedução.
No género do cinema erótico incluem-se produções de grande impacto, cujos méritos principais estão na abordagem do tema mas acima de tudo na envolvência, na imagem e no encanto e capacidade de fazer sonhar das actrizes que se entregam à personagem intensamente. Terá sido o que aconteceu com este filme. Carré Otis depois da rodagem acabaria casada com o protagonista Mickey Rourke. O casamento não durou mais do que cinco anos, a carreira dela durou apenas 3 filmes, mesmo assim ela transpira erotismo neste filme qu tenta tirar promoção do actor que marcou 9 semanas e meia.
É a história de uma bela jovem que numa viagem de negócios, conhece o charmoso Weeler, um homem enigmático, que a envolve num estranho jogo de sedução.
obrigada por partilhar as impressões... RR
Em “Orquídea Selvagem” somos arrebatados por uma atmosfera densa e sensual. A música é constante ao longo da intriga e envolve-nos em ritmos tropicais. O cenário, voluptuoso e colorido, funde-se nessa sonoridade e torna o jogo sensual entre as personagens de Rourke e Otis “quente, urgente e avalassador”.
R.R.
segunda-feira, 28 de março de 2011
a vida é a variedade... é o desafio... é o palco da única cena... a de cada um!
Coelho Neto
"A vida é a variedade. Assim como o paladar pede sabores diversos, assim a alma exige novas impressões"
as impressões (podem e) são tantas que cabe a "9 semanas & meia" proporcionar algumas.
quem arrisca? quem ousa experimentar?
quem dá espaço à própria alma?
o cinema causa e provoca sensações.
"tranparência viva" é a designação do ciclo de cinema a decorrer por estes dias (ao longo dos 66 dias). Orquídea Selvagem, é hoje!!! É poesia traduzida em imagem e impressões na pele e na alma...
faz bem ler, dizer e ver poesia...
"A vida é a variedade. Assim como o paladar pede sabores diversos, assim a alma exige novas impressões"
as impressões (podem e) são tantas que cabe a "9 semanas & meia" proporcionar algumas.
quem arrisca? quem ousa experimentar?
quem dá espaço à própria alma?
o cinema causa e provoca sensações.
"tranparência viva" é a designação do ciclo de cinema a decorrer por estes dias (ao longo dos 66 dias). Orquídea Selvagem, é hoje!!! É poesia traduzida em imagem e impressões na pele e na alma...
faz bem ler, dizer e ver poesia...
quarta-feira, 16 de março de 2011
"9 semanas & meia" é muito mais do que 66 dias - são noites sem dormir, são dias a sonhar, é paixão pela poesia, é correr por dentro e por fora... experimentem tudo isto assistindo aos 110 momentos (no mínímo)
EPIGRAMA TEOLÓGICO
Nuno Júdice
Concordo com Delmore Schwartz:
«uma mulher nua é uma prova da existência de Deus».
Podia dizer: uma prova suficiente. Apenas
o indispensável para que a dúvida se dissipe,
e o grande cenário do Paraíso se abra
em écran gigante e som estereofónico (sim:
os anjos cantam por cima disto).
Nuno Júdice
Concordo com Delmore Schwartz:
«uma mulher nua é uma prova da existência de Deus».
Podia dizer: uma prova suficiente. Apenas
o indispensável para que a dúvida se dissipe,
e o grande cenário do Paraíso se abra
em écran gigante e som estereofónico (sim:
os anjos cantam por cima disto).
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
beija-me o pescoço... abre a blusa e usa a língua entre a pele e a renda que aprisiona os seios...
Arrefece,
dizias. É o frio,
disse eu,
que te acaricia
a pele. Que nela
se aquece. Que nela
se esquece.
9 semanas e meia
Deixa o veneno
levedar no copo. Deixa-o
ser golfo
de sangue, lágrima
ancorada, acidulada
tinta do delírio. Deixa-o
ser lume, fumo, gume
obsceno.
9 semanas e meia
Não digas
beijo, diz
a boca. Não
digas rio, diz
a fonte. Diz
apenas.
9 semanas e meia
dizias. É o frio,
disse eu,
que te acaricia
a pele. Que nela
se aquece. Que nela
se esquece.
9 semanas e meia
Deixa o veneno
levedar no copo. Deixa-o
ser golfo
de sangue, lágrima
ancorada, acidulada
tinta do delírio. Deixa-o
ser lume, fumo, gume
obsceno.
9 semanas e meia
Não digas
beijo, diz
a boca. Não
digas rio, diz
a fonte. Diz
apenas.
9 semanas e meia
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
M. é amor... é bom e faz bem... o resto conta pouco na hora em que o "sim" é palavra e não "suspiro"
O quarto mobilado na viela.
A campainha aos pés da cama.
Não será o amor um laço estreito
entre a angústia e o prazer?
Sandro Penna
A campainha aos pés da cama.
Não será o amor um laço estreito
entre a angústia e o prazer?
Sandro Penna
para os admiradores... para os que não admiram mas têm curiosidade em ler... para todos os que gostam de "F"
É importante foder (ou não foder)?
É evidente que não, não é importante.
Fode quem fode e não fode quem não quer.
Mas mesmo nada
A ver.
O que um tanto me tolhe é não poder confiar
Numa coisa que estica e depois encolhe,
Uma coisa que é mole e se põe a endurar e
A dilatar a dilatar
Até não se poder nem deixar andar
Para depois sumir
E dar vontade de rir e d´ir urinar.
Isso eu o quiz dizer naquele verso louco que tenho ao pé:
«O amor é um sono que chega para o pouco ser que se é»
Verso que, como sempre, terá ficado por perceber (por mim até).
........................................................................
Também aquela do «outrora-agora» e do «ah poder ser tu eu»
foi um bom trabalho
Para continuar tudo co´a cara de caralho
Que todos já tinham e vão continuar a ter
Antes durante e depois de morrer.
Mário Cesariny
É evidente que não, não é importante.
Fode quem fode e não fode quem não quer.
Mas mesmo nada
A ver.
O que um tanto me tolhe é não poder confiar
Numa coisa que estica e depois encolhe,
Uma coisa que é mole e se põe a endurar e
A dilatar a dilatar
Até não se poder nem deixar andar
Para depois sumir
E dar vontade de rir e d´ir urinar.
Isso eu o quiz dizer naquele verso louco que tenho ao pé:
«O amor é um sono que chega para o pouco ser que se é»
Verso que, como sempre, terá ficado por perceber (por mim até).
........................................................................
Também aquela do «outrora-agora» e do «ah poder ser tu eu»
foi um bom trabalho
Para continuar tudo co´a cara de caralho
Que todos já tinham e vão continuar a ter
Antes durante e depois de morrer.
Mário Cesariny
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
acordei com a respiração acelerada e o corpo em extase... tu não estavas! mergulhei novamente no sonho...
Estaria o meu terno senhor a assobiar
à sua porta, ou queria entrar de noite,
sem chave, no meu coração?
Sandro Penna
à sua porta, ou queria entrar de noite,
sem chave, no meu coração?
Sandro Penna
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
tem muita graça e não fere os mais púdicos... obrigada RR!
João comprou um par de sapatos novos e chega a casa:
- Maria o que achas?
- Acho de quê?
- Não notas nada de diferente?
- Não...
João vai à casa de banho, tira a roupa toda e volta apenas com os sapatos
novos calçados.
- E agora? Já notas alguma coisa diferente?
- Não, o 'coiso' continua pendurado para baixo, assim como estava
ontem e como estará amanhã!
- E SABES PORQUE É QUE ELE ESTÁ PENDURADO PARA BAIXO?
- Porquê?
- Porque ele está a olhar para os meus sapatos novos!
- Hum... podias ter comprado um chapéu ...
p.s. a edição 2010 do programa "a poesia está na rua" - humor com humor se paga, explorou o humor e a graça poética. RIR faz sempre bem... mesmo (ou sobretudo) quando tem qualquer "coisa de picante"!!!
- Maria o que achas?
- Acho de quê?
- Não notas nada de diferente?
- Não...
João vai à casa de banho, tira a roupa toda e volta apenas com os sapatos
novos calçados.
- E agora? Já notas alguma coisa diferente?
- Não, o 'coiso' continua pendurado para baixo, assim como estava
ontem e como estará amanhã!
- E SABES PORQUE É QUE ELE ESTÁ PENDURADO PARA BAIXO?
- Porquê?
- Porque ele está a olhar para os meus sapatos novos!
- Hum... podias ter comprado um chapéu ...
p.s. a edição 2010 do programa "a poesia está na rua" - humor com humor se paga, explorou o humor e a graça poética. RIR faz sempre bem... mesmo (ou sobretudo) quando tem qualquer "coisa de picante"!!!
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
chegou pela manhã e trazia o perfume da memória... obrigada M.
CONHEÇO O SAL
Conheço o sal da tua pele seca
depois que o estio se volveu inverno
da carne repousando em suor nocturno.
Conheço o sal do leite que bebemos
quando das bocas se estreitavam lábios
e o coração no sexo palpitava.
Conheço o sal dos teus cabelos negros
ou louros ou cinzentos que se enrolam
neste dormir de brilhos azulados.
Conheço o sal que resta em minhas mãos
como nas praias o perfume fica
quando a maré desceu e se retrai.
Conheço o sal da tua boca, o sal
da tua língua, o sal de teus mamilos,
e o da cintura se encurvando de ancas.
A todo o sal conheço que é só teu,
ou é de mim em ti, ou é de ti em mim,
um cristalino pó de amantes enlaçados.
Jorge de Sena
Conheço o sal da tua pele seca
depois que o estio se volveu inverno
da carne repousando em suor nocturno.
Conheço o sal do leite que bebemos
quando das bocas se estreitavam lábios
e o coração no sexo palpitava.
Conheço o sal dos teus cabelos negros
ou louros ou cinzentos que se enrolam
neste dormir de brilhos azulados.
Conheço o sal que resta em minhas mãos
como nas praias o perfume fica
quando a maré desceu e se retrai.
Conheço o sal da tua boca, o sal
da tua língua, o sal de teus mamilos,
e o da cintura se encurvando de ancas.
A todo o sal conheço que é só teu,
ou é de mim em ti, ou é de ti em mim,
um cristalino pó de amantes enlaçados.
Jorge de Sena
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
O POETA NU - Jorge Sousa Braga >>>> impossível não gostar da "simplicidade de dizer" deste autor - ora vejam!
diz o autor:
Os poemas que se seguem pretendem aproximar-se da simplicidade (ilusória) de uma gota de água. (...) Por último, um lamento: que estes poemas não possam chegar ao leitor da forma mais apropriada, ou seja, em folhas de trevo.
STRIP-TEASE
Quanto mais me dispo
menos nu
me sinto
9 semanas e meia
A borboleta que poisou
no teu mamilo perdeu
vontade de voar
9 semanas e meia
Vou ao céu
E venho-
-me
9 semanas e meia
Não posso
amar
mais claro
9 semanas e meia
Escrevo
com os dedos ainda longos
da carícia
9 semanas e meia
Ainda agora em ti entrei
e já em todos os teus poros
me achei
9 semanas e meia
Não é a rosas nem a violetas
nem a jasmim o cheiro
que me põe fora de mim
9 semanas e meia
GRANADA
O sumo das romãs
escorre-te
por entre os seios
9 semanas e meia
OPALA
Será de uma gota de esperma
o arco-íris que se desenha
neste poema?
9 semanas e meia
MULHER
Metade mulher metade pássaro
Metade anémona metade névoa
Metade água metade mágoa
Metade silêncio metade búzio
Metade manhã metade fogo
Metade jade metade tarde
Metade mulher metade sonho
9 semanas e meia é aqui usado para anunciar cada um dos textos
Os poemas que se seguem pretendem aproximar-se da simplicidade (ilusória) de uma gota de água. (...) Por último, um lamento: que estes poemas não possam chegar ao leitor da forma mais apropriada, ou seja, em folhas de trevo.
STRIP-TEASE
Quanto mais me dispo
menos nu
me sinto
9 semanas e meia
A borboleta que poisou
no teu mamilo perdeu
vontade de voar
9 semanas e meia
Vou ao céu
E venho-
-me
9 semanas e meia
Não posso
amar
mais claro
9 semanas e meia
Escrevo
com os dedos ainda longos
da carícia
9 semanas e meia
Ainda agora em ti entrei
e já em todos os teus poros
me achei
9 semanas e meia
Não é a rosas nem a violetas
nem a jasmim o cheiro
que me põe fora de mim
9 semanas e meia
GRANADA
O sumo das romãs
escorre-te
por entre os seios
9 semanas e meia
OPALA
Será de uma gota de esperma
o arco-íris que se desenha
neste poema?
9 semanas e meia
MULHER
Metade mulher metade pássaro
Metade anémona metade névoa
Metade água metade mágoa
Metade silêncio metade búzio
Metade manhã metade fogo
Metade jade metade tarde
Metade mulher metade sonho
9 semanas e meia é aqui usado para anunciar cada um dos textos
...estou à espera da tarde...
Antes que a noite acabe
Acende a luz da minha vida
Com a tua chama, oh, meu Amor!
Estou à espera da tarde
Em que vens pelo caminho trazendo a tua chama,
E o meu coração amadurecido nas suas trevas
Acender-se-á como uma labareda.
Rabindranath Tagore
Acende a luz da minha vida
Com a tua chama, oh, meu Amor!
Estou à espera da tarde
Em que vens pelo caminho trazendo a tua chama,
E o meu coração amadurecido nas suas trevas
Acender-se-á como uma labareda.
Rabindranath Tagore
uma verdadeira delícia...
A EVOCAÇÃO DO CHIMPANZÉ
Alberto Pimenta
comprei um bilhete e um cartucho de amendoins e entrei no cinema. tu compraste um bilhete e um cartucho de amendoins e entraste no cinema, sentámo-nos na mesma fila, lado a lado, eu abri o meu cartucho de amendoins, tu abriste o teu cartucho de amendoins, com um ruído exactamente igual ao meu. voltei-me para ti e mostrei os dentes. Tu voltaste-te para mim e mostraste os dentes. quando a luz apagou, tu pousaste o teu cartucho de amendoins no colo e eu pousei o meu cartucho de amendoins no colo. com a mão direita comecei a levantar-te a saia. para me facilitar a tarefa, tu levantaste levemente as nádegas do assento. com esse gesto, caiu-te do colo o cartucho de amendoins. assim que os amendoins acabaram de se espalhar no chão, abaixei-me para tos apanhar, mas esqueci-me do meu cartucho de amendoins, o qual me caiu igualmente ao chão. gastei um tempo enorme a procurar e a recolher todos os amendoins. lembro-me de que passei o tempo quase todo até ao intervalo recolhendo os amendoins. todo o tempo tu não deixaste de suspirar e de gemer, embora estivesse apenas a decorrer um documentário sobre o narciso e nenhum drama comovente. a voz do locutor lembro-me que dizia: « no começo da primavera, quando montes e vales acordam do longo sono de inverno, centenas e centenas de narcisos elevam as douradas cabeças em todas as frestas e abrigos do solo, e lançam seu olhar inocente pelos portentosos rochedos e pelas raízes nodosas da floresta.» isto, como certamente te lembras, foi antes do intervalo. depois, quantas vezes, oh quantas vezes não deixaste cair e eu deixei cair os amendoins que nos restavam. e ora eu, ora tu, de cada vez descíamos a procurá-los, e a colhê-los com suaves, ternos guinchos. o filme, no dizer da crítica, era daqueles que se não podem perder.
p.s. para os interessados... amanhã no auditório da biblioteca municipal de santo tirso (18:00h) e na voz de Alberto Serra - "9 semanas e meia" inícia a sua aparição [de forma discreta e a meia luz e sem revelar (ainda) o que se segue]
o teu nome acaricia a minha pele... sussurro e mordo o lábio ao som de ti...digo: SIM
QUADRILHA
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Carlos Drummond de Andrade
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
põe a tua mão...
Põe-me as mãos no sexo,
Beija-me na coxa,
Abre-me no plexo,
Uma ferida roxa.
Eu não sei porquê,
Meu dês d´onde venho,
Sou o ser que vê
Só o seu tamanho.
Põe a tua mão
Num laço sem fim,
E chega ao desvão,
Abre-o para mim.
Mário Cesariny
Beija-me na coxa,
Abre-me no plexo,
Uma ferida roxa.
Eu não sei porquê,
Meu dês d´onde venho,
Sou o ser que vê
Só o seu tamanho.
Põe a tua mão
Num laço sem fim,
E chega ao desvão,
Abre-o para mim.
Mário Cesariny
ontem chovia copiosamente. molhou todos os beijos que demos. as nossas roupas pingaram de tanto amor que fizemos. amor, quero-te...
Sua Excelência: o Amor
Sentado alto do trono
Bem alto, no pedestal,
Amor superior se sente
Diz-se nobre como tal
Veste pele de cordeiro
Quando decide atacar
Deixa as presas indefesas
Cercadas pelo seu olhar
É doce, enganador,
Muito terno, explosivo
Quando quer, arrebatador,
Cruel, se achar preciso
Pode reflectir um anjo
Em seu nome ser demónio
Tudo que enche uma vida
Ser na tristeza o antónimo
É lindo vê-lo a correr
À procura do verdadeiro
Mover mundos e fundos
Quer ele ser o primeiro
Tanto se fala do amor,
Bem, mal, por tudo e nada
Vou guardar o que sei p’ra mim
Deixar-me ficar calada
Anyta, 2009.12.15
p.s. este poema tem a assinatura de uma poetisa tirsense. obrigada, Maria! obrigada, Anyta!
Sentado alto do trono
Bem alto, no pedestal,
Amor superior se sente
Diz-se nobre como tal
Veste pele de cordeiro
Quando decide atacar
Deixa as presas indefesas
Cercadas pelo seu olhar
É doce, enganador,
Muito terno, explosivo
Quando quer, arrebatador,
Cruel, se achar preciso
Pode reflectir um anjo
Em seu nome ser demónio
Tudo que enche uma vida
Ser na tristeza o antónimo
É lindo vê-lo a correr
À procura do verdadeiro
Mover mundos e fundos
Quer ele ser o primeiro
Tanto se fala do amor,
Bem, mal, por tudo e nada
Vou guardar o que sei p’ra mim
Deixar-me ficar calada
Anyta, 2009.12.15
p.s. este poema tem a assinatura de uma poetisa tirsense. obrigada, Maria! obrigada, Anyta!
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
"nove semanas e meia" edita e agradece...
Luís Vendeirinho
"Quando a poesia está na rua há um estranho que traz amor nos bolsos rotos, o vento é feito de esperança, a chuva cai como gomos de alegria sobre o chão macio, quando a poesia está na rua não há portas nas casas, nem janelas cerradas no olhar das crianças, quando a poesia está na rua abrigo-me da minha solidão sob a árvore onde se colhem palavas como beijos, sob cuja sombra se beija como quem diz o nome das coisas para ser inscrito em forma de nuvem, e a poesia é a rua e todos os passos envoltos nas esquinas de que ela é feita..." LV (Abraço de parabéns)
"Quando a poesia está na rua há um estranho que traz amor nos bolsos rotos, o vento é feito de esperança, a chuva cai como gomos de alegria sobre o chão macio, quando a poesia está na rua não há portas nas casas, nem janelas cerradas no olhar das crianças, quando a poesia está na rua abrigo-me da minha solidão sob a árvore onde se colhem palavas como beijos, sob cuja sombra se beija como quem diz o nome das coisas para ser inscrito em forma de nuvem, e a poesia é a rua e todos os passos envoltos nas esquinas de que ela é feita..." LV (Abraço de parabéns)
maria, muito obrigada! "nove semanas e meia" deseja a todos os enamorados um excelente "dia dos namorados" e sugere o uso e abuso da poesia, para revelar "sentidos" escondidos em beijos e carícias... viva o amor e viva quem o diz!
Desespero
Inteiramente o perdeu.
E só pensa em procurar
nos lábios que se lhe oferecem
de sucessivos amantes
esses lábios desejados;
e preso num outro abraço
de cada amante se encontra,
só procura a ilusão
de que a ele se entrega
como tanto se entregou.
Inteiramente o perdeu.
Como se nunca existira.
Ele queria -ao que então disse -
poder ainda "salvar-se"
desse terrível estigma
da vergonha que é prazer.
Porque ainda estava a tempo
de fugir e de "salvar-se".
Inteiramente o perdeu.
Como se nunca existira.
Por força do imaginar,
alucinado e iludido,
nos lábios de outros amantes
só procura descobri-lo,
nesses lábios encontrar
a paixão que conheceu.
1923 Contantino Cavafy (traduzido por Jorge de Sena)
13 de Fevereiro de 2011 17:41
Inteiramente o perdeu.
E só pensa em procurar
nos lábios que se lhe oferecem
de sucessivos amantes
esses lábios desejados;
e preso num outro abraço
de cada amante se encontra,
só procura a ilusão
de que a ele se entrega
como tanto se entregou.
Inteiramente o perdeu.
Como se nunca existira.
Ele queria -ao que então disse -
poder ainda "salvar-se"
desse terrível estigma
da vergonha que é prazer.
Porque ainda estava a tempo
de fugir e de "salvar-se".
Inteiramente o perdeu.
Como se nunca existira.
Por força do imaginar,
alucinado e iludido,
nos lábios de outros amantes
só procura descobri-lo,
nesses lábios encontrar
a paixão que conheceu.
1923 Contantino Cavafy (traduzido por Jorge de Sena)
13 de Fevereiro de 2011 17:41
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
sugeriste um beijo na face [e eu dei] depois desse beijo surgiu outro [que eu também dei] agora deixo a imaginação livre para os suspiros e as [sugestões]
Sim, dizias tu, mas em seguida
corrigiste: talvez. Esta
é a única palavra
que não tem casa. Que mora
no intervalo
entre o som e o silêncio.
Albano Martins
corrigiste: talvez. Esta
é a única palavra
que não tem casa. Que mora
no intervalo
entre o som e o silêncio.
Albano Martins
conforme havia sido prometido, eis a lista dos livros que irão povoar o imaginário de "nove semanas e meia"
O POETA NU
[poesia reunida]
Jorge Sousa Braga
Assírio & Alvim
366 POEMAS QUE FALAM DE AMOR
uma antologia organizada por
Vasco Graça Moura
Quetzal Editores
E COMO ERAM AS LIGAS DE MADAME BOVARY?
Francisco Umbral
Campo das Letras
PALINÓDIAS,
PALIMPSESTOS
Albano Martins
Campo das Letras
POEMAS
COM CINEMA
antologia organizada por
Joana Matos Frias
Luís Miguel Queirós
Rosa Maria Martelo
Assírio & Alvim
DO MUNDO GREGO OUTRO SOL
antologia Palatina e antologia de planudes
selecção, tradução e notas
Albano Martins
Edições ASA
A MUSA IRREGULAR
Fernando Asis Pacheco
Assírio & Alvim
MORTAL E ROSA
Francisco Umbral
Campo da Literatura
...quanto ao conteúdo de cada obra aguardem, pois "nove semanas e meia" tem todo o prazer de vos proporcionar "deliciosas" leituras!
[poesia reunida]
Jorge Sousa Braga
Assírio & Alvim
366 POEMAS QUE FALAM DE AMOR
uma antologia organizada por
Vasco Graça Moura
Quetzal Editores
E COMO ERAM AS LIGAS DE MADAME BOVARY?
Francisco Umbral
Campo das Letras
PALINÓDIAS,
PALIMPSESTOS
Albano Martins
Campo das Letras
POEMAS
COM CINEMA
antologia organizada por
Joana Matos Frias
Luís Miguel Queirós
Rosa Maria Martelo
Assírio & Alvim
DO MUNDO GREGO OUTRO SOL
antologia Palatina e antologia de planudes
selecção, tradução e notas
Albano Martins
Edições ASA
A MUSA IRREGULAR
Fernando Asis Pacheco
Assírio & Alvim
MORTAL E ROSA
Francisco Umbral
Campo da Literatura
...quanto ao conteúdo de cada obra aguardem, pois "nove semanas e meia" tem todo o prazer de vos proporcionar "deliciosas" leituras!
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
"nove semanas e meia" já possui uma mini-biblioteca (amanhã daremos conta dos títulos) - obrigada Alberto Serra
POEMA
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco.
Mário Cesariny de Vasconcelos
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco.
Mário Cesariny de Vasconcelos
finjo não ver... finjo não querer... finjo ainda que prefira despir a mentira...
DE: CAFÉ
(Finjo que não vejo as mulheres
que passam, mas vejo.)
De súbito, o diabinho que me dançava nos olhos,
mal viu a menina atravessar a rua,
saltou num ímpeto de besouro
e despiu-a toda...
E a Que-Sempre-Tanto-Se-Recata
ficou nua,
sonambulamente nua,
com um seio de ouro
e outro de prata.
José Gomes Ferreira
(Finjo que não vejo as mulheres
que passam, mas vejo.)
De súbito, o diabinho que me dançava nos olhos,
mal viu a menina atravessar a rua,
saltou num ímpeto de besouro
e despiu-a toda...
E a Que-Sempre-Tanto-Se-Recata
ficou nua,
sonambulamente nua,
com um seio de ouro
e outro de prata.
José Gomes Ferreira
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
balanço e avanço... recuo perante a tua indiferença... dissolvo a paixão em mim
O INCONSTANTE
Os meus olhos partiram
atrás duma morena
que passou.
Era de nácar negro,
da cor das uvas roxas,
e açoitou-me o sangue
com sua cauda de fogo.
Atrás de todas
eu vou.
Passou uma clara loira
como uma planta de ouro
balanceando os seus dons.
E a minha boca foi
como uma onda
desferindo em seu peito
relâmpagos de sangue.
Atrás de todas
eu vou.
Mas para ti, sem me mover,
sem te ver, à distância,
vão meu sangue e meus beijos,
morena e clara minha,
alta e pequena minha,
larga e delgada minha,
minha feia e formosa,
feita de todo o ouro
e de toda a prata,
feita de todo o trigo
e de toda a terra,
feita de toda a água
das ondas do mar,
feita para os meus braços,
feita para os meus beijos,
feita para a minha alma.
Pablo Neruda
Os meus olhos partiram
atrás duma morena
que passou.
Era de nácar negro,
da cor das uvas roxas,
e açoitou-me o sangue
com sua cauda de fogo.
Atrás de todas
eu vou.
Passou uma clara loira
como uma planta de ouro
balanceando os seus dons.
E a minha boca foi
como uma onda
desferindo em seu peito
relâmpagos de sangue.
Atrás de todas
eu vou.
Mas para ti, sem me mover,
sem te ver, à distância,
vão meu sangue e meus beijos,
morena e clara minha,
alta e pequena minha,
larga e delgada minha,
minha feia e formosa,
feita de todo o ouro
e de toda a prata,
feita de todo o trigo
e de toda a terra,
feita de toda a água
das ondas do mar,
feita para os meus braços,
feita para os meus beijos,
feita para a minha alma.
Pablo Neruda
suspendo o beijo... quero-o inteiro e sem pressa... tenho os lábios entreabertos e o coração inquieto por te saber aqui (tão perto)
O OLEIRO
Há em todo o teu corpo
uma taça ou doçura a mim destinada.
Quando levanto a mão
encontro em cada lugar uma pomba
que andava à minha procura, como
se te houvessem, meu amor, feito de argila
para as minhas mãos de oleiro.
Os teus joelhos, os teus seios,
a tua cintura,
faltam em mim como no côncavo
duma terra sedenta
a que retiraram
uma forma,
e, juntos,
estamos completos como um só rio,
como um só areal.
Pablo Neruda
Há em todo o teu corpo
uma taça ou doçura a mim destinada.
Quando levanto a mão
encontro em cada lugar uma pomba
que andava à minha procura, como
se te houvessem, meu amor, feito de argila
para as minhas mãos de oleiro.
Os teus joelhos, os teus seios,
a tua cintura,
faltam em mim como no côncavo
duma terra sedenta
a que retiraram
uma forma,
e, juntos,
estamos completos como um só rio,
como um só areal.
Pablo Neruda
viajando... com os pés em terra húmida e as mãos ao longo da tua pele
A PERGUNTA
Amor, uma pergunta minha
dilacerou-te.
Regressei a ti
da incerteza com espinhos.
Quero-te direita como
a espada ou o caminho.
Mas tu insistes
em manter uma curva
de sombra de que não gosto.
Meu amor,
compreende-me,
quero tudo o que é teu,
dos olhos aos pés, às unhas,
por dentro,
toda a claridade, que escondias.
Sou eu, meu amor,
quem bate à tua porta.
Não é um fantasma, não é
o que um dia parou
à tua janela.
Eu deito a porta abaixo:
eu entro na tua vida:
venho viver na tua alma:
tu não podes comigo.
Tens que abrir todas as portas,
tens que obedecer-me,
tens que abrir os olhos
para eu os observar,
tens que ver como ando
com passos pesados
por todos os caminhos
que, cegos, me esperavam.
Não tenhas medo,
sou teu,
mas
não sou viajante nem mendigo,
sou o teu senhor,
aquele que esperavas,
e agora entro
na tua vida
para não mais sair,
amor, amor, amor,
para ficar.
Pablo Neruda
Amor, uma pergunta minha
dilacerou-te.
Regressei a ti
da incerteza com espinhos.
Quero-te direita como
a espada ou o caminho.
Mas tu insistes
em manter uma curva
de sombra de que não gosto.
Meu amor,
compreende-me,
quero tudo o que é teu,
dos olhos aos pés, às unhas,
por dentro,
toda a claridade, que escondias.
Sou eu, meu amor,
quem bate à tua porta.
Não é um fantasma, não é
o que um dia parou
à tua janela.
Eu deito a porta abaixo:
eu entro na tua vida:
venho viver na tua alma:
tu não podes comigo.
Tens que abrir todas as portas,
tens que obedecer-me,
tens que abrir os olhos
para eu os observar,
tens que ver como ando
com passos pesados
por todos os caminhos
que, cegos, me esperavam.
Não tenhas medo,
sou teu,
mas
não sou viajante nem mendigo,
sou o teu senhor,
aquele que esperavas,
e agora entro
na tua vida
para não mais sair,
amor, amor, amor,
para ficar.
Pablo Neruda
os versos do capitão... que privilégio ler-te e sonhar no itinerário das tuas viagens
EM TI A TERRA
Pequena
rosa,
rosa pequena,
às vezes,
diminuta e nua,
parece
que numa das minhas mãos
tu cabes,
que assim vou apertar-te
e levar-te à boca,
mas,
de repente,
os meus pés tocam os teus pés e a minha boca os teus
lábios,
cresceste,
os teus ombros erguem-se como duas colinas,
os teus peitos passeiam pelo meu peito,
o meu braço mal consegue cingir a delgada
linha de lua nova que há na tua cintura:
derramaste-te no amor como água do mar:
meço apenas os olhos mais dilatados do céu
e inclino-me sobre a tua boca para beijar a terra.
Pablo Neruda
Pequena
rosa,
rosa pequena,
às vezes,
diminuta e nua,
parece
que numa das minhas mãos
tu cabes,
que assim vou apertar-te
e levar-te à boca,
mas,
de repente,
os meus pés tocam os teus pés e a minha boca os teus
lábios,
cresceste,
os teus ombros erguem-se como duas colinas,
os teus peitos passeiam pelo meu peito,
o meu braço mal consegue cingir a delgada
linha de lua nova que há na tua cintura:
derramaste-te no amor como água do mar:
meço apenas os olhos mais dilatados do céu
e inclino-me sobre a tua boca para beijar a terra.
Pablo Neruda
ternura de posse
POSSE
A noite é a noite e tu a dás
_ sigo a rota íntima dos cabelos.
Macio o cais. Insone o mundo
em que se dá aos lábios o querer tê-los.
Rosada a curva que enobrece a espuma,
no gesto violento que a nada se poupa.
Leitosa a sombra que nos tem seguros
a cama, o corpo, o símbolo, a roupa.
Língua de fogo que ao sangue reclama
mais lume, mais sal (que o céu o não dá).
Ternura de posse _ de cor e tamanho.
O grito é o fim, um sol que aí está.
João Rui de Sousa
A noite é a noite e tu a dás
_ sigo a rota íntima dos cabelos.
Macio o cais. Insone o mundo
em que se dá aos lábios o querer tê-los.
Rosada a curva que enobrece a espuma,
no gesto violento que a nada se poupa.
Leitosa a sombra que nos tem seguros
a cama, o corpo, o símbolo, a roupa.
Língua de fogo que ao sangue reclama
mais lume, mais sal (que o céu o não dá).
Ternura de posse _ de cor e tamanho.
O grito é o fim, um sol que aí está.
João Rui de Sousa
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
inigualável... o programa "a poesia está na rua" da responsabilidade da câmara municipal de santo tirso
A INIGUALÁVEL
Ai, como eu te queria toda de violetas
E flébil de cetim...
Teus dedos longos, de marfim,
Que os sombreassem jóias pretas...
E tão febril e delicada
Que não pudesses dar um passo _
Sonhando estrelas, transtornada,
Com estampas de cor no regaço...
Queria-te nua e friorenta,
Aconchegando-te em zibelinas _
Sonolenta,
Ruiva de éteres e morfinas...
Ah! que as tuas nostalgias fossem guizos de prata _
Teus frenesis, lantejoulas;
E os ócios em que estiolas,
Luar que se desbarata...
.......................................................
Teus beijos, queria-os de tule,
Transparecendo carmim _
Os teus espasmos, de seda...
_ Água fria e clara numa noite azul,
Água, devia ser o teu amor po mim...
Mário de Sá-Carneiro
Ai, como eu te queria toda de violetas
E flébil de cetim...
Teus dedos longos, de marfim,
Que os sombreassem jóias pretas...
E tão febril e delicada
Que não pudesses dar um passo _
Sonhando estrelas, transtornada,
Com estampas de cor no regaço...
Queria-te nua e friorenta,
Aconchegando-te em zibelinas _
Sonolenta,
Ruiva de éteres e morfinas...
Ah! que as tuas nostalgias fossem guizos de prata _
Teus frenesis, lantejoulas;
E os ócios em que estiolas,
Luar que se desbarata...
.......................................................
Teus beijos, queria-os de tule,
Transparecendo carmim _
Os teus espasmos, de seda...
_ Água fria e clara numa noite azul,
Água, devia ser o teu amor po mim...
Mário de Sá-Carneiro
"ofícios de poeta" teve o privilégio de receber o poeta António Osório e ao mesmo prestar a devida e merecida homenagem. é um cavalheiro e um homem de grande sensibilidade. volte sempre...
DOÍA-LHE O CORPO, LANCEADA
Doía-lhe o corpo, lanceada.
Aquele sangue
do sacrifício escorrente.
Era assim: gruta aquosa,
carnais estalactites,
uma vibrátil glande,
assetinado, fundo
pocinho que transbordava
ôndulas de volúpia,
onda marinheira
na saca e ressaca;
nele, espasmos,
um moribundo imitante.
Despojada de sua dívida,
o mundo e eles, gratos.
António Osório
Doía-lhe o corpo, lanceada.
Aquele sangue
do sacrifício escorrente.
Era assim: gruta aquosa,
carnais estalactites,
uma vibrátil glande,
assetinado, fundo
pocinho que transbordava
ôndulas de volúpia,
onda marinheira
na saca e ressaca;
nele, espasmos,
um moribundo imitante.
Despojada de sua dívida,
o mundo e eles, gratos.
António Osório
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
por que "gostar" faz bem... nove semanas e meia, também gosta!
CÉUS EM FOGO
Um corpo, certamente. Mas que é um corpo?
Boca, seios, coxas, sexo,
um sorriso, a mão que afaga, voz?
Que trevas, quais trevas,
de esquecer ou ir tão fundo
quando o desprender-se da alma abre
nas portas da luxúria os céus em fogo?
Adolfo Casais Monteiro
Um corpo, certamente. Mas que é um corpo?
Boca, seios, coxas, sexo,
um sorriso, a mão que afaga, voz?
Que trevas, quais trevas,
de esquecer ou ir tão fundo
quando o desprender-se da alma abre
nas portas da luxúria os céus em fogo?
Adolfo Casais Monteiro
"nove semanas e meia" abre espaço para a participação. envie poemas de autores que escrevem o "amor e a paixão". entretanto...
VÉSPERA
Seríamos dois faunos sobre a praia,
Batidos pelo vento e pelo sal,
Tendo por manto apenas a cambraia
da espuma
E, por fronteira,
O areal.
Gémeos de corpo e alma,
Ver um era ver outro:
A mesma voz,
A mesma transparência,
A mesma calma
De búzio, intacto, em cada um de nós!
Felicidade?
Não!
Inconsciência!
E as nossas mãos brincavam com o lume
A beira da impaciência
Ou do ciúme.
Pedro Homem de Mello
Seríamos dois faunos sobre a praia,
Batidos pelo vento e pelo sal,
Tendo por manto apenas a cambraia
da espuma
E, por fronteira,
O areal.
Gémeos de corpo e alma,
Ver um era ver outro:
A mesma voz,
A mesma transparência,
A mesma calma
De búzio, intacto, em cada um de nós!
Felicidade?
Não!
Inconsciência!
E as nossas mãos brincavam com o lume
A beira da impaciência
Ou do ciúme.
Pedro Homem de Mello
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
sóbrio o teu corpo me pede...
SÓBRIO O TEU CORPO...
Sóbrio o teu corpo me pede
penetração: nomes puros:
os de boca, braços, mãos
sobre a terra e sobre os muros.
Sóbrio o teu corpo me pede
nomes justos, nomes duros:
os de terra, fogo e punhos,
claros, acres, escuros.
António Ramos Rosa
Sóbrio o teu corpo me pede
penetração: nomes puros:
os de boca, braços, mãos
sobre a terra e sobre os muros.
Sóbrio o teu corpo me pede
nomes justos, nomes duros:
os de terra, fogo e punhos,
claros, acres, escuros.
António Ramos Rosa
ó fome, quando é que eu como?
POESIA
Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro.
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(Se ela estivesse deitada)
dois montinhos que amanhecem
Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?
Fernando Pessoa
>>> trazido pelas mãos do comissário do programa, chegou-nos "eros de passagem" poesia erótica contemporânea - selecção e prefácio de Eugénio de Andrade com desenhos do Mestre José Rodrigues. sabemos, pela voz do próprio, que é uma edição muito especial - a capa já se encontra amarelecida e o cheiro (quando se abre e se folheia) denúncia os 20 anos que já possui. vamos tratar e falar dele (o livro) com apetite. sim! não é comida, mas desencadeia a vontade de satisfazer a "gula do corpo" (saboreando cada pedaço de pele)...
Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro.
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(Se ela estivesse deitada)
dois montinhos que amanhecem
Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?
Fernando Pessoa
>>> trazido pelas mãos do comissário do programa, chegou-nos "eros de passagem" poesia erótica contemporânea - selecção e prefácio de Eugénio de Andrade com desenhos do Mestre José Rodrigues. sabemos, pela voz do próprio, que é uma edição muito especial - a capa já se encontra amarelecida e o cheiro (quando se abre e se folheia) denúncia os 20 anos que já possui. vamos tratar e falar dele (o livro) com apetite. sim! não é comida, mas desencadeia a vontade de satisfazer a "gula do corpo" (saboreando cada pedaço de pele)...
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
um dia "a poesia está na rua" vai deixar a rua e entrar pela porta do sol - amanhã é o dia...
>>>>>>>>>>>>>>>>> até amanhã!
poderia ser uma "conversa"...
VOLÚPIA
No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frémito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!
A sombra entre a mentira e a verdade...
A nuvem que arrastou o vento norte...
_ Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!
Trago dálias vermelhas no regaço...
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!
E do meu corpo os leves arrabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças...
Florbela Espanca
SONETO DE AMOR
Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua..., _ unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois... _ abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
José Régio
No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frémito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!
A sombra entre a mentira e a verdade...
A nuvem que arrastou o vento norte...
_ Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!
Trago dálias vermelhas no regaço...
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!
E do meu corpo os leves arrabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças...
Florbela Espanca
SONETO DE AMOR
Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua..., _ unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois... _ abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
José Régio
a viagem mais íntima
Uma ave alucinada
nasce debaixo de mim
As pontas de suas asas
sobre meus ombros se fincam
enquanto o ventre já parte
para a viagem mais íntima
Negros lenços se desfazem
Túnicas brancas se pisam
Nesta abóbada encarnada
a saliva sabe a sangue
Gemendo moves as asas
Mas sou eu quem vai voando
David MF
nasce debaixo de mim
As pontas de suas asas
sobre meus ombros se fincam
enquanto o ventre já parte
para a viagem mais íntima
Negros lenços se desfazem
Túnicas brancas se pisam
Nesta abóbada encarnada
a saliva sabe a sangue
Gemendo moves as asas
Mas sou eu quem vai voando
David MF
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
...o segredo que o teu corpo segregra
SEGREDO
Nem o Tempo tem tempo
para sondar as trevas
deste rio correndo
entre a pele e a pele
Nem o Tempo tem tempo
nem as trevas dão tréguas
Não descubro o segredo
que o teu corpo segregra
David MF
Nem o Tempo tem tempo
para sondar as trevas
deste rio correndo
entre a pele e a pele
Nem o Tempo tem tempo
nem as trevas dão tréguas
Não descubro o segredo
que o teu corpo segregra
David MF
...rei me coroo em tuas coxas
É nesse ponto
de tuas coxas
que o meu pescoço
implora a forca
Mas dás-lhe o trono
da luz da sombra
num sorvedouro
de rosas roxas
Agreste gosto
de húmida polpa
o que dissolvo
dentro da boca
Eis num renovo
mágica força
Rei me coroo
em tuas coxas
David MF
de tuas coxas
que o meu pescoço
implora a forca
Mas dás-lhe o trono
da luz da sombra
num sorvedouro
de rosas roxas
Agreste gosto
de húmida polpa
o que dissolvo
dentro da boca
Eis num renovo
mágica força
Rei me coroo
em tuas coxas
David MF
assim que te despes...
Assim que te despes
as próprias cortinas
ficam boquiabertas
ante a luz do dia
Os teus olhos pedem
mas a boca exige
que te inunde as pernas
toda a luz do dia
Até o teu sexo
que negro cintila
mais e mais desperta
para a luz do dia
E a noite percebe
ao ver-te despida
o grande mistério
que há luz na luz do dia
David MF
as próprias cortinas
ficam boquiabertas
ante a luz do dia
Os teus olhos pedem
mas a boca exige
que te inunde as pernas
toda a luz do dia
Até o teu sexo
que negro cintila
mais e mais desperta
para a luz do dia
E a noite percebe
ao ver-te despida
o grande mistério
que há luz na luz do dia
David MF
...de um rio confuso
MOMENTO
Chegado o momento
em que tudo é tudo
de teus pés ao ventre
das ancas à nuca
ouve-se a torrente
de um rio confuso
Levanta-se o vento
Comparece a Lua
Entre línguas e dentes
este Sol nocturno
Nos teus quatro membros
de curvos arbustos
lavra um só incêndio
que se torna muitos
Candente silêncio
sob o que murmuras
Por fora por dentro
do bosque do púbis
crepitam-me os dedos
tocando alaúde
nas cordas dos nervos
a que reduzes
Assim o momento
em que tudo é tudo
Mais concretamente
água fogo música
David MF
>>>> "nas cordas dos nervos" andam tantos; com razão ou sem ela, apela-se à emoção para ultrapassar os momentos em que a agitação provoca alguma turbação e quiça, perturbação...
Chegado o momento
em que tudo é tudo
de teus pés ao ventre
das ancas à nuca
ouve-se a torrente
de um rio confuso
Levanta-se o vento
Comparece a Lua
Entre línguas e dentes
este Sol nocturno
Nos teus quatro membros
de curvos arbustos
lavra um só incêndio
que se torna muitos
Candente silêncio
sob o que murmuras
Por fora por dentro
do bosque do púbis
crepitam-me os dedos
tocando alaúde
nas cordas dos nervos
a que reduzes
Assim o momento
em que tudo é tudo
Mais concretamente
água fogo música
David MF
>>>> "nas cordas dos nervos" andam tantos; com razão ou sem ela, apela-se à emoção para ultrapassar os momentos em que a agitação provoca alguma turbação e quiça, perturbação...
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
...alguns sinais
AUSÊNCIA
Quero dizer-te uma coisa simples: a tua
ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não
magoa, que se limita à alma; mas que não deixa,
por isso, de deixar alguns sinais _ um peso
nos olhos, no lugar da tua imagem, e
um vazio nas mãos, como se as tuas mãos lhes
tivessem roubado o tacto. São estas as formas
do amor, podia dizer-te; e acrescentar que
as coisas simples também podem ser
complicadas, quando nos damos conta da
diferença entre o sonho e a realidade. Porém,
é o sonho que me traz a tua memória; e a
realidade aproxima-te de ti, agora que
os dias correm mais depressa, as palavras
ficam presas numa refracção de instantes,
quando a tua voz me chama de dentro de
mim _ e me faz responder-te uma coisa simples,
como dizer que a tua ausência me dói.
Nuno Júdice
Quero dizer-te uma coisa simples: a tua
ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não
magoa, que se limita à alma; mas que não deixa,
por isso, de deixar alguns sinais _ um peso
nos olhos, no lugar da tua imagem, e
um vazio nas mãos, como se as tuas mãos lhes
tivessem roubado o tacto. São estas as formas
do amor, podia dizer-te; e acrescentar que
as coisas simples também podem ser
complicadas, quando nos damos conta da
diferença entre o sonho e a realidade. Porém,
é o sonho que me traz a tua memória; e a
realidade aproxima-te de ti, agora que
os dias correm mais depressa, as palavras
ficam presas numa refracção de instantes,
quando a tua voz me chama de dentro de
mim _ e me faz responder-te uma coisa simples,
como dizer que a tua ausência me dói.
Nuno Júdice
escuto o silêncio das palavras
O AMOR, DIZES-ME
Escuto o silêncio das palavras. O seu silêncio
suspenso dos gestos com que elas desenham
cada objecto, cada pessoa, ou as próprias ideias
que delas dependem. Por vezes, porém, as
palavras são o próprio silêncio. Nascem
de uma espera, de um instante de atenção, da
súbita fixidez dos olhos amados, como se
também houvesse coisas que não precisam de
palavras para existir. É o caso deste sentimento
que nasce entre um e outro ser, que apenas
se adivinha enquanto todos falam, em volta,
e que de súbito se confessa, traduzindo em
breves palavras a sua silenciosa verdade.
>>>> ainda "na sombra" quanto ao tema desta edição, continuamos a deixar pistas e "in"suspeitas deixas quanto ao mesmo. enquanto não se vê claramente os contornos da "nossa rua", sugere-se a viagem pela poesia do "amor" - o calendário dos dias indica que o dia 14 de fevereiro, é dos enamorados. "a poesia está na rua" vai deixar "rumores" desses amores por estas bandas. aproveitem, os enamorados e os que estão em vias de ficarem...
Escuto o silêncio das palavras. O seu silêncio
suspenso dos gestos com que elas desenham
cada objecto, cada pessoa, ou as próprias ideias
que delas dependem. Por vezes, porém, as
palavras são o próprio silêncio. Nascem
de uma espera, de um instante de atenção, da
súbita fixidez dos olhos amados, como se
também houvesse coisas que não precisam de
palavras para existir. É o caso deste sentimento
que nasce entre um e outro ser, que apenas
se adivinha enquanto todos falam, em volta,
e que de súbito se confessa, traduzindo em
breves palavras a sua silenciosa verdade.
>>>> ainda "na sombra" quanto ao tema desta edição, continuamos a deixar pistas e "in"suspeitas deixas quanto ao mesmo. enquanto não se vê claramente os contornos da "nossa rua", sugere-se a viagem pela poesia do "amor" - o calendário dos dias indica que o dia 14 de fevereiro, é dos enamorados. "a poesia está na rua" vai deixar "rumores" desses amores por estas bandas. aproveitem, os enamorados e os que estão em vias de ficarem...
...puxo o teu corpo
ATÉ AO FIM
Mas é assim o poema: construído devagar,
palavra a palavra, e mesmo verso a verso,
até ao fim. O que não sei é
como acabá-lo; ou, até, se
o poema quer acabar. Então, peço-te ajuda:
puxo o teu corpo
para o meio dele, deito-o na cama
da estrofe, dispo-o de frases
e de adjectivos até te ver,
tu,
o mais nu dos pronomes. Ficamos
assim. Para trás, palavras e versos,
e tudo o que
não é preciso dizer:
eu e tu, chamando o amor
para que o poema acabe.
Nuno Júdice
Mas é assim o poema: construído devagar,
palavra a palavra, e mesmo verso a verso,
até ao fim. O que não sei é
como acabá-lo; ou, até, se
o poema quer acabar. Então, peço-te ajuda:
puxo o teu corpo
para o meio dele, deito-o na cama
da estrofe, dispo-o de frases
e de adjectivos até te ver,
tu,
o mais nu dos pronomes. Ficamos
assim. Para trás, palavras e versos,
e tudo o que
não é preciso dizer:
eu e tu, chamando o amor
para que o poema acabe.
Nuno Júdice
amo-te
RETRATO
Amo-te; e o teu corpo dobra-se,
no espelho da memória, à luz
frouxa da lâmpada que nos
esconde. Puxo-te para fora
da moldura: o teu rosto branco
abre um sorriso de água, e
cais sobre mim, como o
tronco suave da noite, para
que te abrace até de madrugada,
quando o sono te fecha os olhos
e o espelho, vazio, me obriga
a olhar-te no reflexo do poema.
Nuno Júdice
Amo-te; e o teu corpo dobra-se,
no espelho da memória, à luz
frouxa da lâmpada que nos
esconde. Puxo-te para fora
da moldura: o teu rosto branco
abre um sorriso de água, e
cais sobre mim, como o
tronco suave da noite, para
que te abrace até de madrugada,
quando o sono te fecha os olhos
e o espelho, vazio, me obriga
a olhar-te no reflexo do poema.
Nuno Júdice
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
«...cacho de curvas...»
INSCRIÇÃO ESTIVAL
Ó grande plenitude!
E a tudo,
a tudo alheio,
saboreio.
Absorto
sorvo
este cacho de curvas
tão maduras...
Este cacho de curvas que é o teu corpo!
David MF
Ó grande plenitude!
E a tudo,
a tudo alheio,
saboreio.
Absorto
sorvo
este cacho de curvas
tão maduras...
Este cacho de curvas que é o teu corpo!
David MF
...um poema líquido
VOTO
Que o fosso da memória se transponha,
que seja a solidão atravessada!
Da cálida crisálida renasça
de novo para o corpo o corpo todo!
Venham as roucas sílabas da posse
no búzio dos ouvidos enroladas!
Sobre a teia das veias implapáveis,
reconstrua-se a cúpula dos olhos!
Que tudo agora súbito se emprenhe
da realidade que a lembrança apenas
em folha de álbum, ressequida, guarda!
Que eu vá de novo decorar-te a seiva,
como um poema líquido que seja
urgente recitar na eternidade!
David MF
Que o fosso da memória se transponha,
que seja a solidão atravessada!
Da cálida crisálida renasça
de novo para o corpo o corpo todo!
Venham as roucas sílabas da posse
no búzio dos ouvidos enroladas!
Sobre a teia das veias implapáveis,
reconstrua-se a cúpula dos olhos!
Que tudo agora súbito se emprenhe
da realidade que a lembrança apenas
em folha de álbum, ressequida, guarda!
Que eu vá de novo decorar-te a seiva,
como um poema líquido que seja
urgente recitar na eternidade!
David MF
...não é possível escapar ao vício da leitura, e, muito menos quando se trata de David Mourão-Ferreira
SONETO DOS QUARTOS DE ALUGUER
O amor é só de quem os olhos cerra
no desalmado instante da entrega.
Cerrai-vos, olhos meus, antes que cega
vos cegue a lucidez que nos faz guerra.
Cerrai-vos, olhos meus, que os indiscretos
são punidos com leis muito severas.
Cerrados, sentireis... que primaveras!
Abertos, que vereis senão objectos?
E que abjectos objectos! tão prosaicos!:
tapetes de aluguar com flor´s manchadas;
entre os pés do biombo, continuadas
as tábuas do soalho por mosaicos...
...Sempre esse frio sórdido, a seguir
ao fogo em que nos qu´remos consumir!
O amor é só de quem os olhos cerra
no desalmado instante da entrega.
Cerrai-vos, olhos meus, antes que cega
vos cegue a lucidez que nos faz guerra.
Cerrai-vos, olhos meus, que os indiscretos
são punidos com leis muito severas.
Cerrados, sentireis... que primaveras!
Abertos, que vereis senão objectos?
E que abjectos objectos! tão prosaicos!:
tapetes de aluguar com flor´s manchadas;
entre os pés do biombo, continuadas
as tábuas do soalho por mosaicos...
...Sempre esse frio sórdido, a seguir
ao fogo em que nos qu´remos consumir!
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
o programa "a poesia está na rua" está animado. recebeu das mãos da CM «música de cama» de David Mourão-Ferreira. malta, devem preparar o vosso canto...
MINUTO
O amor? Seria o fruto
trincado até mais não ser?
(Mas para lá do prazer
a Vida estava de luto...)
Fui plantar o coração
no infinito: uma flor...
(Mas para lá do fervor
a vida gritou que não!)
O amor? Nem flor nem fruto.
(Tudo quanto em nós vibrara
parecia pronto a ceder...)
Foi apenas um minuto:
a fome intensa, tão rara!,
de ser criança, ou morrer...
>>> obrigado MC
O amor? Seria o fruto
trincado até mais não ser?
(Mas para lá do prazer
a Vida estava de luto...)
Fui plantar o coração
no infinito: uma flor...
(Mas para lá do fervor
a vida gritou que não!)
O amor? Nem flor nem fruto.
(Tudo quanto em nós vibrara
parecia pronto a ceder...)
Foi apenas um minuto:
a fome intensa, tão rara!,
de ser criança, ou morrer...
>>> obrigado MC
...o que está vago?
VAGAR
Dobro a esquina
do abraço
a lume posto
Doce de amora
de ponto
desatado
Dispo o vestido
no vagar do corpo
preencho de prazer o que está vago
>>> talvez "a poesia está na rua" deva fazer a revelação do nome do autor destes textos. talvez o autor não aprecie, tanto anonimato e secretismo em volta da sua poesia. por outro lado, a não revelação do nome, permite viajar "por todos os nomes" cuja escrita possua «corpos com asas e seiva de paixão»
Dobro a esquina
do abraço
a lume posto
Doce de amora
de ponto
desatado
Dispo o vestido
no vagar do corpo
preencho de prazer o que está vago
>>> talvez "a poesia está na rua" deva fazer a revelação do nome do autor destes textos. talvez o autor não aprecie, tanto anonimato e secretismo em volta da sua poesia. por outro lado, a não revelação do nome, permite viajar "por todos os nomes" cuja escrita possua «corpos com asas e seiva de paixão»
convoco para a poesia...
OS NOSSOS DIAS
Convoco-te
Contorno-te
Comovo-me
Com o teu corpo
delgado
na memória
As tuas ancas estreitas
nesta nossa história
Os teus pulsos morenos
com sabor a vitória
Convoco-te
Contorno-te
Comovo-me
Com o teu corpo
delgado
na memória
As tuas ancas estreitas
nesta nossa história
Os teus pulsos morenos
com sabor a vitória
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
não é sempre mas, pode ser...
E POR VEZES
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos ocanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos
David Mourão Ferreira
Matura Idade 1973
Antologia Poética
Publicações D. Quixote, 1983
a poesia está na rua oferece uma
camélia branca à CM
em troca deste poema. Obrigado...
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos ocanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos
David Mourão Ferreira
Matura Idade 1973
Antologia Poética
Publicações D. Quixote, 1983
a poesia está na rua oferece uma
camélia branca à CM
em troca deste poema. Obrigado...
a flor eleita da poesia - a camélia
(...)
teria sido tão fácil isto
digo eu agora
tudo estava preparado para a tua chegada
o café os discos os livros as camélias
que me deste na manhã dos meus vinte anos
o vão de escada onde me pediste fica
mas isso aconteceu há muito tempo
quando ainda havia sebes e laranjeiras bravas
e o jardim não se tinha transformado
em condomínio privado com guardas
no exacto local onde um dia desdobrámos o corpo
para o primeiro conhecimento do amor
isso aconteceu quando ainda mal sabíamos
desprender da boca as palavras necessárias
por isso não percebi que seria na cinza desses dias
que viria reclamar a tua vida
a minha única maneira de desenhar por ti
a eternidade
(...)
Dois Corpos Tombando na Água
Alice Vieira
teria sido tão fácil isto
digo eu agora
tudo estava preparado para a tua chegada
o café os discos os livros as camélias
que me deste na manhã dos meus vinte anos
o vão de escada onde me pediste fica
mas isso aconteceu há muito tempo
quando ainda havia sebes e laranjeiras bravas
e o jardim não se tinha transformado
em condomínio privado com guardas
no exacto local onde um dia desdobrámos o corpo
para o primeiro conhecimento do amor
isso aconteceu quando ainda mal sabíamos
desprender da boca as palavras necessárias
por isso não percebi que seria na cinza desses dias
que viria reclamar a tua vida
a minha única maneira de desenhar por ti
a eternidade
(...)
Dois Corpos Tombando na Água
Alice Vieira
sem mapa e sem sinais... a viagem
CORPO
É pêssego
Tangerina
E é limão
Tem sabor a damasco
e a alperce
Toma o gosto da canela
de manhã
e à noite a framboesa que se despe
Da maçã guarda o pecado
e a sedução
Do mel
o açucar que reveste
Do licor
a febre que no seu rasgão
me invade, me inunda e me apetece
Mergulho depressa a minha boca
e bebo a sede
que em mim já cresce
Delírio que me enche
de prazer
tomando ponto num lume que humedece
Devagar mexo sem tino
as minhas mãos
Provando de ti
o que de ti viesse
O anis do esperma
o doce odor do pão
que o teu corpo espalha e enlouquece
>>> brevemente será feita a revelação...
É pêssego
Tangerina
E é limão
Tem sabor a damasco
e a alperce
Toma o gosto da canela
de manhã
e à noite a framboesa que se despe
Da maçã guarda o pecado
e a sedução
Do mel
o açucar que reveste
Do licor
a febre que no seu rasgão
me invade, me inunda e me apetece
Mergulho depressa a minha boca
e bebo a sede
que em mim já cresce
Delírio que me enche
de prazer
tomando ponto num lume que humedece
Devagar mexo sem tino
as minhas mãos
Provando de ti
o que de ti viesse
O anis do esperma
o doce odor do pão
que o teu corpo espalha e enlouquece
>>> brevemente será feita a revelação...
deitada sobre o luar acordo e sigo viagem por cima de ti...
TURBAÇÃO
Não podendo suster
tanto apetite
tanta vontade de te morder
a boca
Se estás longe procuro
outra maneira
de te tocar e toda a pressa é pouca
Desço os pulsos e afasto
os meus joelhos
Subo os dedos
e toco a minha folha
Entreabro os lábios
e não querendo é já
uma rosa doce
que a minha mão desfolha
>>> mantenho o véu sobre a autoria de tão belos textos
Não podendo suster
tanto apetite
tanta vontade de te morder
a boca
Se estás longe procuro
outra maneira
de te tocar e toda a pressa é pouca
Desço os pulsos e afasto
os meus joelhos
Subo os dedos
e toco a minha folha
Entreabro os lábios
e não querendo é já
uma rosa doce
que a minha mão desfolha
>>> mantenho o véu sobre a autoria de tão belos textos
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
...e mais um para confirmar as suspeitas!
ETERNIDADE
Será a tua cama
a minha cama
aquela onde revolvo
um sono acidentado?
Onde dormes de lado
ou vigias
o modo alheio que a madrugada
abre
Será tua a proposta
deste encontro
ou será meu este amor
que arde?
Uma flor de fogo
que incendeia
a nossa cama antes do fim
da tarde
Se é tua a dúvida
e minha esta certeza
daquilo que despimos
e na cama tarda?
O vestido descendo pelas ancas
sendo
da sede o que segura
e na seda aguarda
Será tua a vitória
e minha esta derrota
de não poder segurar-te
a vida inteira?
Por mais que queira
a eternidade guarda
o tempo que por ela
já se esgueira
>> e a resposta é...
Será a tua cama
a minha cama
aquela onde revolvo
um sono acidentado?
Onde dormes de lado
ou vigias
o modo alheio que a madrugada
abre
Será tua a proposta
deste encontro
ou será meu este amor
que arde?
Uma flor de fogo
que incendeia
a nossa cama antes do fim
da tarde
Se é tua a dúvida
e minha esta certeza
daquilo que despimos
e na cama tarda?
O vestido descendo pelas ancas
sendo
da sede o que segura
e na seda aguarda
Será tua a vitória
e minha esta derrota
de não poder segurar-te
a vida inteira?
Por mais que queira
a eternidade guarda
o tempo que por ela
já se esgueira
>> e a resposta é...
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
aplausos, para a senhora que se segue...
FLOR DA BOCA
És tentação permanente
à minha beira
Beijos rasos
à flor das bocas
Húmidas as duas
e as duas loucas
A do corpo mais que a da face
inteira
Inteiramente tuas
de maneira
que quando a tua língua
se incendeia
pega fogo ao desejo
e logo a chama
galgando em si própria
já se ateia
Trepando devastando
e só no topo
é grito e orgasmo
e é madeira
>>>>> desafio os seguidores deste blog, a adivinharem o nome do(a) autor(a) do texto
És tentação permanente
à minha beira
Beijos rasos
à flor das bocas
Húmidas as duas
e as duas loucas
A do corpo mais que a da face
inteira
Inteiramente tuas
de maneira
que quando a tua língua
se incendeia
pega fogo ao desejo
e logo a chama
galgando em si própria
já se ateia
Trepando devastando
e só no topo
é grito e orgasmo
e é madeira
>>>>> desafio os seguidores deste blog, a adivinharem o nome do(a) autor(a) do texto
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
e outro mais...
TRÊS PEDRAS NA MÃO
Três pedras na mão:
uma branca, uma azul, outra amarela.
As superstições da minha noite branca de centauro
azuis como o cheiro da terra
amarelas como a curva quente do teu ventre,
o silêncio telúrico a penetrar nas veias
no tropel do vento erguendo-se a esperança
mosto do tempo
já noite puída, feculenta
que guardo entre as páginas do breviário
onde registo os perfis minuciosos
do teu frondoso amor.
Três pedras na mão:
uma branca, outra negra, outra vermelha.
Fernando Alves dos Santos
1928.1992
Três pedras na mão:
uma branca, uma azul, outra amarela.
As superstições da minha noite branca de centauro
azuis como o cheiro da terra
amarelas como a curva quente do teu ventre,
o silêncio telúrico a penetrar nas veias
no tropel do vento erguendo-se a esperança
mosto do tempo
já noite puída, feculenta
que guardo entre as páginas do breviário
onde registo os perfis minuciosos
do teu frondoso amor.
Três pedras na mão:
uma branca, outra negra, outra vermelha.
Fernando Alves dos Santos
1928.1992
curioso é o "três..."
TRÊS COISAS
Cansado já de tudo
Cansado de amar
Nada mais tenho que um modo
de existir respirar
Já não sei aonde ir
Nem sei de onde venho
Queimei-me de existir
Cinzas agora tenho
Perdi meu coração
Paguei-o como peça
de fogo enfim carvão
Tornada fumo a cabeça
Persegui como um cego
três coisas sem piedade
respiração e depois
prazer e obscuridade
(poemas mudados para português por Herberto Helder)
Cansado já de tudo
Cansado de amar
Nada mais tenho que um modo
de existir respirar
Já não sei aonde ir
Nem sei de onde venho
Queimei-me de existir
Cinzas agora tenho
Perdi meu coração
Paguei-o como peça
de fogo enfim carvão
Tornada fumo a cabeça
Persegui como um cego
três coisas sem piedade
respiração e depois
prazer e obscuridade
(poemas mudados para português por Herberto Helder)
«/.../ em todas as ruas te encontro /.../»
POEMA
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
Mário Cesariny
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
Mário Cesariny
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
"in.suspeitas" pistas...
DE TARDE
Naquele «pic-nic» de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde
1855.1886
Naquele «pic-nic» de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde
1855.1886
não resisto a fazer uso da sugestão de Carlos Bessa... digam quais deitariam!!??
TRÊS DESEJOS
Olhem à vossa volta e
de entre o que mais importa
digam-me
o que deitavam fora?
Carlos Bessa
1967
vamos inverter a tendência do "querer"
vamos...
Olhem à vossa volta e
de entre o que mais importa
digam-me
o que deitavam fora?
Carlos Bessa
1967
vamos inverter a tendência do "querer"
vamos...
mas entretanto...
AS PALAVRAS-OBJECTOS
Estou aqui
no mundo das palavras-objectos
que mudamente me falam
com quem mudamente falo
ao usá-las:
mas que uso fazem elas de mim?
Se bato nelas, elas batem em mim
se estou irritada, ameaçam-me
ameaçam ferir-me
fazer-me tropeçar, cair, soçobrar
Mas se estou calma e confio nelas
então elas confiam em mim:
entregam-se
enchem os meus dias
amparam as minhas noites
ternamente
aconchegam-me em suas estruturas
Mas porquê?
porquê?
para quê?
ANA HATHERLY
1929
O Pavão Negro
Estou aqui
no mundo das palavras-objectos
que mudamente me falam
com quem mudamente falo
ao usá-las:
mas que uso fazem elas de mim?
Se bato nelas, elas batem em mim
se estou irritada, ameaçam-me
ameaçam ferir-me
fazer-me tropeçar, cair, soçobrar
Mas se estou calma e confio nelas
então elas confiam em mim:
entregam-se
enchem os meus dias
amparam as minhas noites
ternamente
aconchegam-me em suas estruturas
Mas porquê?
porquê?
para quê?
ANA HATHERLY
1929
O Pavão Negro
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
mudamos a cor e em breve anunciamos "novas"
deixamos pistas para a notícia que se segue "a designação e o respectivo tema" da edição 2011 do programa "a poesia está na rua".
para breve a possibilidade de ver (aqui) "a nossa memória " - iremos colocar algumas imagens de (extraordinários) momentos.
a poesia está na rua
para breve a possibilidade de ver (aqui) "a nossa memória " - iremos colocar algumas imagens de (extraordinários) momentos.
a poesia está na rua
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
o "caminho" que (já) fizemos...
... enquanto reina a dúvida no ar (originando uma atmosfera de expectativa) sobre o tema do programa "a poesia está na rua" recordamos os temas e os poetas homenageados, das edições anteriores.
1ª edição / 2004
a poesia está na rua
Homenagem a António Ramos Rosa
{.../ Não posso adiar o coração}
2ª edição / 2005
a poesia e o surrealismo
Artur do Cruzeiro Seixas
{Colho uma palavra
há muito abandonada
na areia /...}
3ª edição / 2006
a poesia faz bem à saúde
Manuel António Pina
{... São elas, as tuas palavras, quem diz «eu»;
se tiveres ouvidos suficientemente privados
podes escutar o seu coração
pulsando sob a palavra da tua existência,
entre o para cá de ti e o para lá de ti....}
4ª edição / 2007
fé na poesia
José Tolentino de Mendonça
{... A aurora para a qual todos se voltam
leva meu barco da porta entreaberta}
5ª edição / 2008
ofício de poeta
António Osório
{Se eu fosse uma coisa, amaria ver-me
como comboio-correio. Longo e nocturno,
...}
6ª edição / 2009
pano pramangas
A. M. Pires Cabral
{... Dizem tudo isso dos ciganos. Eu não sei.
Vejo-os vir dos lados de Grijó
e estão todos de frente para mim
e parecem-me gente - nada mais.}
7ª edição / 2010
humor com humor se paga
Rosa Alice Branco
{Não sei se existo, pelo que há algumas probabilidades de eu pensar, ou não. Mas parece que escrevo. Quando escrevo não penso em nada e, raramente, sei o que vou escrever. Mesmo nestas raras ocasiões nunca me sai aquilo que pensava saber. O meu maior vício é escrever tudo o que venha, ou não, a gostar de ter escrito. /...}
8ª edição / 2011
????? (aguardem... ou tentem adivinhar!!!!)
o comissário do programa "a poesia está na rua" é o Jornalista Alberto Serra (desde a primeira edição)
a poesia está na rua
1ª edição / 2004
a poesia está na rua
Homenagem a António Ramos Rosa
{.../ Não posso adiar o coração}
2ª edição / 2005
a poesia e o surrealismo
Artur do Cruzeiro Seixas
{Colho uma palavra
há muito abandonada
na areia /...}
3ª edição / 2006
a poesia faz bem à saúde
Manuel António Pina
{... São elas, as tuas palavras, quem diz «eu»;
se tiveres ouvidos suficientemente privados
podes escutar o seu coração
pulsando sob a palavra da tua existência,
entre o para cá de ti e o para lá de ti....}
4ª edição / 2007
fé na poesia
José Tolentino de Mendonça
{... A aurora para a qual todos se voltam
leva meu barco da porta entreaberta}
5ª edição / 2008
ofício de poeta
António Osório
{Se eu fosse uma coisa, amaria ver-me
como comboio-correio. Longo e nocturno,
...}
6ª edição / 2009
pano pramangas
A. M. Pires Cabral
{... Dizem tudo isso dos ciganos. Eu não sei.
Vejo-os vir dos lados de Grijó
e estão todos de frente para mim
e parecem-me gente - nada mais.}
7ª edição / 2010
humor com humor se paga
Rosa Alice Branco
{Não sei se existo, pelo que há algumas probabilidades de eu pensar, ou não. Mas parece que escrevo. Quando escrevo não penso em nada e, raramente, sei o que vou escrever. Mesmo nestas raras ocasiões nunca me sai aquilo que pensava saber. O meu maior vício é escrever tudo o que venha, ou não, a gostar de ter escrito. /...}
8ª edição / 2011
????? (aguardem... ou tentem adivinhar!!!!)
o comissário do programa "a poesia está na rua" é o Jornalista Alberto Serra (desde a primeira edição)
a poesia está na rua
"a poesia está na rua" já evidencia sinais de franca motivação para se expôr aos que estão "ligados" às palavras dos poetas.
o programa e o respectivo tema desta edição, promete trazer à "rua" novos poetas (...estes trarão novas leituras e outras tantas formas de os ler/dizer).
muito em breve haverá a revelação do calendário dos acontecimentos e os convocados (todas e todos os que não abdicam de estar) podem reservar (na agenda dos dias) a "cadeira ou o canto"...
é nesta "rua" que o encontro acontece...!
a poesia esta na rua
o programa e o respectivo tema desta edição, promete trazer à "rua" novos poetas (...estes trarão novas leituras e outras tantas formas de os ler/dizer).
muito em breve haverá a revelação do calendário dos acontecimentos e os convocados (todas e todos os que não abdicam de estar) podem reservar (na agenda dos dias) a "cadeira ou o canto"...
é nesta "rua" que o encontro acontece...!
a poesia esta na rua
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