quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

poderia ser uma "conversa"...

VOLÚPIA



No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frémito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!


A sombra entre a mentira e a verdade...
A nuvem que arrastou o vento norte...
_ Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!


Trago dálias vermelhas no regaço...
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!


E do meu corpo os leves arrabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças...


Florbela Espanca



SONETO DE AMOR


Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.


Na tua boca a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.


E em duas bocas uma língua..., _ unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.


Depois... _ abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!


José Régio

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