quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

viajando... com os pés em terra húmida e as mãos ao longo da tua pele

A PERGUNTA

Amor, uma pergunta minha
dilacerou-te.

Regressei a ti
da incerteza com espinhos.

Quero-te direita como
a espada ou o caminho.

Mas tu insistes
em manter uma curva
de sombra de que não gosto.

Meu amor,
compreende-me,
quero tudo o que é teu,
dos olhos aos pés, às unhas,
por dentro,
toda a claridade, que escondias.

Sou eu, meu amor,
quem bate à tua porta.
Não é um fantasma, não é
o que um dia parou
à tua janela.
Eu deito a porta abaixo:
eu entro na tua vida:
venho viver na tua alma:
tu não podes comigo.

Tens que abrir todas as portas,
tens que obedecer-me,
tens que abrir os olhos
para eu os observar,
tens que ver como ando
com passos pesados
por todos os caminhos
que, cegos, me esperavam.

Não tenhas medo,
sou teu,
mas
não sou viajante nem mendigo,
sou o teu senhor,
aquele que esperavas,
e agora entro
na tua vida
para não mais sair,
amor, amor, amor,
para ficar.

Pablo Neruda

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