quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

ternura de posse

POSSE

A noite é a noite e tu a dás
_ sigo a rota íntima dos cabelos.
Macio o cais. Insone o mundo
em que se dá aos lábios o querer tê-los.

Rosada a curva que enobrece a espuma,
no gesto violento que a nada se poupa.
Leitosa a sombra que nos tem seguros
a cama, o corpo, o símbolo, a roupa.

Língua de fogo que ao sangue reclama
mais lume, mais sal (que o céu o não dá).
Ternura de posse _ de cor e tamanho.
O grito é o fim, um sol que aí está.

João Rui de Sousa

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