quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

suspendo o beijo... quero-o inteiro e sem pressa... tenho os lábios entreabertos e o coração inquieto por te saber aqui (tão perto)

O OLEIRO

Há em todo o teu corpo
uma taça ou doçura a mim destinada.

Quando levanto a mão
encontro em cada lugar uma pomba
que andava à minha procura, como
se te houvessem, meu amor, feito de argila
para as minhas mãos de oleiro.

Os teus joelhos, os teus seios,
a tua cintura,
faltam em mim como no côncavo
duma terra sedenta
a que retiraram
uma forma,
e, juntos,
estamos completos como um só rio,
como um só areal.

Pablo Neruda

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