Deixamos, para sempre, alguma poesia pelos caminhos
… da fé
… da têxtil
… dos ofícios
… vamos avançar em direcção a outro caminho. Vamos dar umas quantas gargalhadas enquanto curvamos e contra-curvamos na sinalética e na métrica poética de alguns!
… da fé
… da têxtil
… dos ofícios
… vamos avançar em direcção a outro caminho. Vamos dar umas quantas gargalhadas enquanto curvamos e contra-curvamos na sinalética e na métrica poética de alguns!
...é preciso querer deixar que os "outros" através da "palavra" nos conduzam até aos lugares inacessíveis para a maioria de nós.
ResponderEliminar...é preciso que o tropeço ocorra para na queda sentir o corpo (a doer).
...é preciso rir mesmo que à alma apeteça permanecer calada.
...bem haja a poesia e os que a amam!
parabéns santo tirso
Presto neste “lugar de todos” (os que assim o desejarem e assumirem) o reconhecimento pessoal a uma poetisa cuja obra me proporcionou e proporciona, um passeio na maior avenida do universo (das conhecidas e intuidas). Refiro-me naturalmente à poesia de “tantos nomes” e da poetisa Florbela Espanca (Florbela de Alma da Conceição Espanca), em particular. Recebi em jeito de empréstimo o Livro SONETOS da europa-américa – ib284 livros de bolso ... e o passeio pela “avenida” teve início!
ResponderEliminarOuso partilhar dois...
PASSEIO AO CAMPO
Meu Amor! Meu Amante! Meu Amigo!
Colhe a hora que passa, hora divina,
Bebe-a dentro de mim, bebe-a comigo!
Sinto-me alegre e forte! Sou menina!
Eu tenho, Amor, a cinta esbelta e fina ...
Pele dourada de alabastro antigo ...
Frágeis mãos de madona florentina ...
- Vamos correr e rir por entre o trigo!
Há rendas de gramíneas pelos montes ...
Papoilas rubras nos trigais maduros ...
Água azulada a cintilar nas fontes ...
E à volta, Amor ... tornemos, nas alfombras
Dos caminhos selvagens e escuros,
Num astro só as nossas duas sombras ...
SE TU VIESSES VER-ME ...
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços ...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca ... o eco dos teus passos ...
O teu riso de fonte ... os teus braços ...
Os teus beijos ... a tua mão na minha ...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca ...
Quando os olhos se me cerram de desejo ...
E os meus braços se estendem para ti ...
... indo de nome em nome (com a euforia típica de quem passeia pela primeira vez) dei de caras com uma Antologia. Antologia do Humor Português da dupla Nuno Artur Silva & Inês Fonseca Santos.
Não abandonando a minha “avenida” mas gozando uma larga rua “a poesia está na rua” – programa da responsabilidade de uma autarquia – CMSANTO TIRSO a quem felicito, assumo a liberdade de deixar um pequeno aperitivo para o que vai, certamente, oferecer o “humor com humor se paga”.
MÁRIO-HENRIQUE LEIRIA
RIFÃO QUOTIDIANO
Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que contecia
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece
TELEFONEMA
Telefonaram-lhe para casa e perguntaram-lhe se estava em casa.
Foi então que deu pelo facto. Realmente tinha morrido havia já dezassete dias.
Por vezes as perguntas estúpidas são de extrema utilidade.
Natália Correia
SONETO AO DEPUTADO MORGADO
Já que o coito – diz Morgado –
Tem como fim cristalino,
Preciso e imaculado
Fazer menina ou menino;
E cada vez que o varão
Sexual petisco manduca,
Temos na procriação
Prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
Lógica é a conclusão
De que o viril instrumento
Só usou –parca ração! –
Uma vez. E se a função
Faz o orgão – diz o ditado –
Consumada essa excepção,
Ficou capado o Morgado.
e por hoje, malta, é tudo... vou dormir pois o riso faz bem mas o sono também!
xxx
Natália Correia
ResponderEliminarSONETO AO DEPUTADO MORGADO
Já que o coito – diz Morgado –
Tem como fim cristalino,
Preciso e imaculado
Fazer menina ou menino;
E cada vez que o varão
Sexual petisco manduca,
Temos na procriação
Prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
Lógica é a conclusão
De que o viril instrumento
Só usou –parca ração! –
Uma vez. E se a função
Faz o orgão – diz o ditado –
Consumada essa excepção,
Ficou capado o Morgado.
Alberto Pimenta
EMBUTIDO
numa sexta-feira treze ao meditar no
IRREMEDIÁVEL EMPOBRECIMENTO da poesia
caiu-me a alma aos pé. no sábado cat
orze foi chamado o médico. o médico de
clarou que eu precisava de uma alma
nova. o domingo não é dia de pôr almas
novas. na segunda dezasseis o médico
montou-me a alma nova. e declarou que
a partir de então eu deixava de me
chamar Tibaldo como até então o que ve
io criar a grande incertidão da minha
certidão que ainda hoje subsiste entre
os conservadores da minha identidade
é imperioso
que as estradas
se ajustem aos eleitores
mas também é importante
que estes
se ajustem às estradas
tanto
na sua condição de eleitores
como na de condutores
as estradas
por mais vasto que seja
o esforço orçamental
por mais que se construam
nunca serão tantas
como os eleitores
e até como os condutores
como porém são maiores
cabem nelas
se não todos
pelo menos a esmagadora
maioria dos eleitores
e, com mais razão,
dos condutores
(inclusive os estrangeiros que nos visitam),
o que se deve
à firmeza da orientação do governo
e
assim
temos a nação a andar sobre rodas.
o mais que isto
é metafísica
e não interessa ao cidadão comum,
que está devidamente recenseado
e possui veículo motorizado.
Manuel António Pina
O QUE ME VALE
O que me vale aos fins de semana
é o teu amor provinciano e bom
para ele compro bombons
para ele compro bananas
para o teu amor teu amon
tu tankamon meu amor
para o teu amor tu me flamas
tu te frutti tu te inflamas
oh o teu amor não tem com
plicações viva aragon
morram as repartições
e por hoje, malta, é tudo... vou dormir pois o riso faz bem mas o sono também!
xxx